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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Discussão: Pesquisa no Brasil

O horário de verão acaba de terminar e em conseqüência disso meu dia foi acrescido em uma hora, sendo assim resolvi aproveitar um pouco desse tempo realizando a postagem de hoje.

Na primeira discussão postada aqui no blog fiz uma breve explicação falando que minha intenção era a de postar uma seqüência com 12 discussões, sendo 6 sobre Técnicas de Pesquisa em Ciência da Computação e 6 sobre tópicos em Engenharia de Software. Pois bem, hoje estou fazendo a sexta e última postagem (pelo menos por enquanto) sobre Técnicas de Pesquisa, abordando especificamente o tema: Pesquisa no Brasil. 

Continuem acompanhando o blog pois brevemente darei início às discussões sobre Engenharia de Software, que acredito irão proporcionar trocas de idéias interessantes por aqui também.

Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Informática
Mestrado em Ciência da Computação
INF 600 - Técnicas de Pesquisa em Ciência da Computação
Resumo nº. 06

Os artigos estudados referem-se questões que envolvem a pesquisa no Brasil, questões relativas à transferência de conhecimento, propriedade intelectual e fontes de financiamento de projetos de pesquisa.

Diferentemente de outros países, as pesquisas realizadas no Brasil possuem um baixo índice de depósitos de patentes. Nos países desenvolvidos é muito comum que pesquisas realizadas na academia gerem patentes e posteriormente tenham esses resultados compartilhados com a indústria gerando assim novos produtos. Para usufruir desse conhecimento, geralmente são firmados contratos de exploração de conhecimento, onde a indústria paga royalties à academia pelo fato de estar utilizando tecnologia gerada pela mesma.

Essa maneira de conduzir as pesquisas voltadas à patentes e o posterior compartilhamento com a indústria mediante a compensação financeira é muito benéfica para ambos os lados. A indústria lucra por estar usufruindo de conhecimentos e invenções inovadores que são agregadas aos seus produtos, produzindo um grande diferencial de mercado, enquanto que a academia passa a ter cada vez mais recursos financeiros que proporcionam a realização de pesquisas cada vez mais importantes e de impacto, gerando assim um grande ciclo virtuoso.

No Brasil vários fatores influenciam para que pesquisadores gerem poucas patentes, principalmente fatores culturais, burocráticos e financeiros. No nosso país é comum que na academia a mistura de papeis com a indústria seja vista com certo preconceito. Algumas vertentes mais tradicionalistas de pesquisadores acreditam que a transferência de conhecimento da academia para a indústria não seja algo benéfico para a academia. Com relação a burocracia, enquanto pedidos de patentes em outros países demoram cerca de 2 anos para serem atendidos, no Brasil esse período pode ultrapassar os 10 anos. Financeiramente falando, nem todo pesquisador tem fundos suficientes para submeter um pedido de patente, pois o custo inicial desse processo é caro, custando em torno de U$7.000,00.

Uma forma de driblar limitações financeiras é a busca por agentes financiadores de pesquisa, como por exemplo, o FINEP, FAPESP, FAPEMIG, CAPES, entre outros.

De maneira geral, para obter-se sucesso na capitação de recursos para pesquisas, deve-se inicialmente estabelecer o que se pretende pesquisar, de que maneira, levantar a importância de realizar pesquisas com o tema proposto, estabelecer um cronograma, estimar custos e antecipar possíveis resultados obtidos pela equipe de pesquisadores também previamente definida. A partir dessas definições, uma busca criteriosa deve ser realizada com intuito de encontrar agentes financiadores que tenham um perfil adequado para a proposta de pesquisa.

Para encontrar os agentes ideais, é importante que seja analisado se esses agentes já financiaram pesquisas semelhantes à proposta e se atualmente continua sendo de seu interesse financiar algo com o perfil proposto. Quanto mais tempo os pesquisadores se dedicarem a encontrar agentes financiadores com perfis específicos, maiores serão suas chances de captarem recursos para suas pesquisas.

Após levantamento prévio de possíveis agentes financiadores, é essencial que a elaboração do projeto que será proposto esteja estritamente dentro das normas e padrões exigidos por cada um, buscando sempre despertar interesse pela proposta, sendo claro, objetivo e ao mesmo tempo detalhista. Outro fator importantíssimo é a demonstração de seriedade, montando equipes de pesquisadores com credibilidade e atendendo os prazos estabelecidos.

Outro tema abordado nas leituras foi com relação ao direito autoral no Brasil, mais especificamente de software. Semelhante aos direitos autorais concedidos a autores de obras literárias que valem por 70 anos após sua morte, direitos autorais de software valem por 50 anos no Brasil. Muitos autores acreditam ser absurdo que o direito de software dure tantos anos, pois na prática essa duração é como se fosse infinita, haja vista que a tecnologia avança de maneira muito acelerada e um software produzido a 50 anos atrás não agrega nenhum valor ao conhecimento da sociedade quando torna-se de domínio público. Isso é um fator prejudicial à inovação tecnológica e ao progresso científico do nosso país.

Referências

[1] CÂMARA, G. (2006). Grandes desafios da Computação: A construção de uma “terceira cultura”. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/present/grandes_desafios_gilberto.ppt . Acessado em 28 nov. 2010.

[2] Handbook for Preparing and Writing Research Proposals. C.P. Patrick Reid. Vienna, Austria, IUFRO Special Programme for Developing Countries, 2000. - 164 p.

[3] LUCENA, Carlos José Pereira et al. Grandes Desafios da Pesquisa em Computação no Brasil - 2006-2016. Disponível em: http://goo.gl/fGCyq . Acessado em 28 nov. 2010.

[4] SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO. Computação Brasil, Porto Alegre, v. 20, p. 3-11, Jan./Fev.2006.

[5] SAKIYAMA, C. C. H. Captação de Recursos para Pesquisa: Elaboração de Projetos. Seminário Pós-Graduação Informática – UFV – 10 de Julho de 2007.

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