Os artigos estudados referem-se a maneiras de escrever melhores artigos em um âmbito geral e também especificamente no campo da ciência da computação.
Geralmente boa parte dos estudantes e profissionais da área de computação não têm muita afinidade com a escrita. Muito desse mau costume deve-se a falta de prática da escrita ou mesmo pelo desinteresse em escrever bons textos. Desde a graduação, muitos alunos de computação deixam de dar valor a qualidade dos textos que produzem por julgarem ser desnecessário ter tal habilidade bem desenvolvida para exercerem seus futuros cargos como profissionais de computação. Essa visão é completamente errada, pois é pura ilusão achar que o profissional de computação passará todo seu tempo sentado ao computador apenas programando. Profissionais de computação atuam em atividades que requerem habilidades de comunicação e conseqüentemente escrita, como levantamento e descrição de requisitos, elaboração de projetos, documentação clara de software, elaboração de manual do usuário, atas de reuniões e etc. Sendo assim, dependendo do cargo exercido pelo profissional de computação, pode ser que ele passe muito mais tempo executando atividades que envolvem a escrita do que programando por exemplo.
Nesse sentido, fica claro que além de habilidades computacionais, é muito importante também ter habilidades em escrita para um profissional de computação ser bem sucedido em sua carreira corporativa.
No artigo [3], os autores relataram um projeto voltado para quebrar essa barreira que alunos ainda não graduação costumam ter de que é desnecessário ter habilidades em escrita para ser um bom profissional em computação e a partir do uso de taxonomias de escrita e conselhos gerais, passaram preparar melhor os alunos no que diz respeito a escrita para ensino, comunicação acadêmica e profissional. Várias atividades de escrita foram destinadas aos alunos, sendo que estas utilizavam um modelo estrutural de redação pré-estabelecido que juntamente com o apoio do Centro de escrita da Universidade, permitiu que os alunos se concentrassem principalmente em aprendizagem e análise, em vez de organização e conteúdo.
Para alunos de mestrado e doutorado, escrever bem tem uma importância ainda maior. Dentre os vários critérios utilizados para avaliação de planos de pós-graduação no Brasil, 50% está envolvido diretamente com a produção científica do mesmo. Sendo assim, quanto mais publicações em revistas e conferências de alto nível um plano tiver, maiores serão suas chances de ser avaliado com notas altas e conseqüentemente ter acesso a uma quantidade de recursos financeiros maiores. Quanto mais recursos têm um plano de pós-graduação, mais ele pode investir no seu pessoal e equipamentos, que logo tendem a resultar em pesquisas melhores.
Somente bons artigos submetidos a veículos de alto nível conseguem ser publicados, e para melhorar a qualidade dos artigos escritos, várias dicas foram apresentadas nas leituras realizadas. De maneira geral, os artigos escritos devem ser claros e objetivos, possuírem uma boa revisão bibliográfica de trabalhos relacionados, apresentarem o problema que propõem solucionar, a relevância de tal problema e de forma bem fundamentada apresentar suas reais contribuições para solucionar o problema proposto, assim como o que difere tal contribuição das já realizadas em trabalhos anteriores.
Um método interessante para escrever artigos foi apresentado em [1]. Chamado de método de escrita por
Scripts, esse método basicamente divide o processo de criação de um artigo em quatro etapas, sendo que após a realização de cada uma delas, o texto fica cada vez mais detalhado e refinado, estando praticamente pronto após a realização da ultima etapa. Na primeira etapa desse método é criado o chamado
Outline, que é basicamente a estrutura do artigo proposto, ficando definidas assim as seções e subseções que compõe o mesmo. Na segunda etapa é feito o chamado
Script 1, onde em cada seção e subseção definida no
Outline, são enumerados pontos chaves que serão detalhados na terceira etapa do método. Esses pontos são frases curtas e claras. Na terceira etapa é feito o
Script 2, que nada mais é do que o detalhamento dos pontos estabelecidos da etapa anterior, colocando uma marcação entre chaves ao final de cada um deles. A quarta e última etapa basicamente é composta pela retirada das marcações feitas no
Script 2 e nas adaptações para dar sentido ao texto final.
Todas essas questões que relatei até o momento são voltadas para aspectos técnicos de um artigo de qualidade, porém alguns aspectos não-técnicos também necessitam de atenção para evitar que bons artigos sejam rejeitados após submissão. Alguns aspectos não-técnicos que valem ressaltar são:
- Verificar se o artigo obedece à formatação exigida pela revista/conferência no qual será submetido;
- Verificar se a revista/conferência para a qual o artigo será submetido é apropriada;
- Usar sempre vocabulário formal;
- Certificar-se de que todas as figuras e tabelas do artigo estão legíveis;
- Cuidar para que o texto esteja claro;
Cada avaliador pode utilizar de critérios pessoais para avaliar um artigo submetido, porém de formas gerais, os aspectos técnicos e não técnicos que citei são sempre levados em consideração. Depois de realizada as avaliações, sempre os avaliadores fazem considerações que são muito valiosas para uma melhor adequação do artigo proposto, portanto essas considerações merecem muita atenção por parte dos autores.
Após a leitura dos artigos ficou claro que escrever bem é tão importante para o profissional de computação quanto pra profissionais de outras áreas. Independente da escolha pelo meio acadêmico ou corporativo, sempre os profissionais de computação serão exigidos com relação a suas habilidades de escrita e a falta de tais habilidades poderá influenciar negativamente em suas carreiras.